Um estudo de dois investigadores alemães conclui que dos 216 mil milhões de euros dos resgates dos últimos seis anos, apenas 9.7 mil milhões foram parar ao Orçamento grego. Ou seja, menos de 5% do total serviu a população, enquanto 95% foi para os cofres dos bancos europeus.
O estudo divulgado pelo jornal económico alemão Handelsblatt
é da autoria de Jan Hildebrand e Thomas Sigmund, investigadores da
Escola Europeia de Tecnologia e Gestão de Berlim. E conclui que a
prioridade dos resgates desenhados pelo BCE, Comissão Europeia e FMI foi
salvar os bancos e os credores privados, não o povo grego.
“Os pacotes de ajuda serviram em primeiro lugar para resgatar os
bancos“, confirma Jörg Rocholl, presidente da instituição e conselheiro
do ministro Schäuble. O estudo demonstra que 86.9 mil milhões serviram
para pagar dívidas antigas, 52.3 mil milhões foram para pagar juros e
37.3 mil milhões destinaram-se à recapitalização da banca na Grécia.
Embora o dinheiro pago pelo serviço da dívida seja sempre uma despesa
de qualquer Orçamento de Estado, a verdade é que a Grécia estava falida
desde 2010, destaca o jornal alemão, colocando dúvidas sobre a forma
como os resgates foram concebidos.
“A Grécia estaria hoje em melhor posição se tivesse havido um alívio
da dívida no início da crise em 2010, muitos estragos teriam sido
evitados tanto para a Grécia como para a Europa no seu todo”, afirma
Marcel Fratzscher, presidente do Instituto Alemão de Investigação
Económica (DIW), ao Handelsblatt.
The Greek bailouts: A Bottomless Pit? https://t.co/6E5aqg8sAZ pic.twitter.com/v3buF9FzXa
— Handelsblatt Global (@HandelsblattGE) May 4, 2016