20/06/2016

O mito das vacas felizes nos Açores

A campanha de animais felizes está a chegar a Portugal, pela marca açoriana de lacticínios Terra Nostra. Esta campanha que pretende envolver os 500 produtores de leite dos Açores, que terão de cumprir uma rigorosa lista de normas para poder ter o selo de “felicidade” nos seus produtos.

Mas o que está por trás de um selo de vacas felizes?

Ainda há muitos de nós que não conhecem a verdadeira origem do leite. Ainda faz parte do senso comum que as vacas nos “dão o leite” como uma oferenda divina. Mas nada pode estar mais longe da verdade.

A vida de uma vaca explorada para a produção de leite é tudo menos feliz. Para tentar perceber melhor, vamos seguir as etapas da vida de uma vaca feliz:



Inseminação artificial

Os animais não humanos, assim como os humanos precisam de engravidar para poder produzir leite. As vacas não são excepção. Para poder manter as vacas a produzir leite e ter uma exploração lucrativa, os animais são inseminados artificialmente num processo que se assemelha a uma violação. O processo de inseminação é um processo invasivo e que causa muito stress aos animais que são sujeitados a ele. (alternativas vegetais dos lacticínios)

Gravidez, nascimento e separação

Mesmo antes do nascimento dos bebés, as vacas começam a ser ordenhadas diariamente por máquinas que lhes extraem o leite. Quando nascem os vitelos, eles são separados das mães, que choram desesperadas por eles durante dias. Os bezerros podem ser mortos (gera lucro ao produtor) ou podem viver mais uns dias.


A morte anunciada dos bezerros

No dia do nascimento, os bezerros tem o seu destino traçado, se nascer macho será morto pouco tempo depois, uma vez que não tem qualquer tipo de valor comercial na indústria do leite. A carne do bezerro macho é vendida como uma iguaria comummente chamada de vitela, uma carne branca deficiente em ferro.

Para conseguir a carne branca e macia muito apreciada, o bezerro macho é amarrado, sem qualquer hipótese de se mexer até ao dia em que será abatido. Ao estar amarrado o bezerro não tem qualquer possibilidade de se mexer e assim não desenvolve qualquer tipo de músculo, fazendo a sua carne ficar macia com músculos pouco desenvolvidos. O macho quando é morto é um bebé, com anemia, afastado da sua mãe, forçado a estar parado na sua curta vida.

A vida de uma fêmea neste círculo também não é feliz. No dia do seu nascimento é encaminhada para uma área a parte da sua mãe, que continua a chorar pelo seu bebé perdido, onde vai iniciar a sua vida de exploração. Ainda adolescente os chifres da vaca são arrancados. Para impedir que cresçam, os produtores passam uma espécie de pasta cáustica que causa uma dor imensa e que faz com que os bebés se contorçam de dor durante horas. Os chifres das vacas tem milhares de terminações nervosas. Para finalizar o tratamento é passado um ferro quente para impedir que o chifre cresça.

Doenças nos animais explorados

A ordenha intensiva, as rações que estimulam a produção de leite causa imensa dor e problemas mamários nas vacas. As vacas sofrem de inflamações mamarias (mastites) que causa imensa inflamações e inchaços muito dolorosos.

Excesso de produção e benefício económico das vacas felizes

Até a data de escrita deste artigo foram abatidos mais de dez mil vitelos nos últimos dois anos nos Açores. Estes animais estão a ser abatidos pelo seu valor comercial que neste momento é mais lucrativo do que os manter vivos. A União Europeia paga pelo abate de cada bezerro até aos 15 dias 75euros.

Vacas felizes, doenças felizes

O consumo de leite pelos humanos é completamente desnecessário. O leite que as vacas produzem é destinado à alimentação dos bebés da sua espécie. Ao contrário do leite humano, o leite de vaca destina-se a alimentar animais de grande porte que vão ganhar muito peso rapidamente. Ao crescer os vitelos deixam de consumir leite.

Os humanos pelo contrario optam por roubar e beber o leite de outros animais que também está associado ao risco de contracção de inúmeras doenças. O consumo de leite está associado à obesidade, diabetes, cancro de mama, cancro de próstata, cólon, doenças auto imunes, osteoporose, doenças coronárias, problemas da retina, entre outras.

Artigo de Beatriz Batista no SociedadeVegan.com
que podes visitar para mais artigos, informação, roteiros e receitas vegan

ler também neste link : "A Harvard School of Public Health acabou de lançar uma bomba no campo da nutrição, ao limitar da pirâmide alimentar os lacticínios e os seus derivados. A equipa de investigação de Harvard está a estudar uma alimentação sã, livre dos lobbies da industria alimentar. O motivo pelo qual decidiram limitar os lacticínios prende-se pelo facto de que o consumo de lacticínios e derivados pode aumentar significativamente o risco de cancro de próstata e de ovários."