11/11/2015

Acordo Parlamentar não é uma Coligação

Muito se tem lido nos últimos dias sobre o que se está a passar na Assembleia da República. Mas nem tudo o que se lê, para não dizer praticamente nada, é verdadeiro e uma vez mais a comunicação social ao serviço dos interesses de terceiros, apenas apresenta o que lhes dá jeito. Para não falar na propaganda que continua a ser feita pelas redes sociais, onde os apoiantes do governo demitido continuam a deturpar tudo em beneficio próprio. Como exemplo temos as belas palavras escritas por uma senhora que pertencente a um partido minoritário, só foi ministra porque, depois das eleições de 2011, o seu querido líder exigiu lugares no governo para formarem uma maioria. 
Mas o que aconteceu em 2011 foi uma coligação pós eleitoral, onde a intenção de voto da população já não interessava, para eles votar no PSD ou no CDS já era a mesma coisa, já em 2015 a conversa passou a ser outra e tudo o que tem acontecido é para este grupo de vampiros uma afronta à democracia. 

Mas vejamos então um excerto do que esta senhora, de seu nome Assunção Cristas, regurgitou na sua página do facebook sem qualquer sentido e deturpando a realidade democrática: “Hoje rompeu-se, no Parlamento, o consenso da prática política da democracia portuguesa: quem ganha as eleições, governa. Pela primeira vez em 40 anos de democracia foi rejeitado o programa de Governo apresentado por quem venceu as eleições.”.
Ora pois vamos lá tentar ajudar esta senhora demente a perceber o que se passou. 
O que ela assistiu foi à democracia no seu estado mais puro, embora para ela tenha sido uma afronta roubarem-lhe o tacho e tudo o que de bom lhe trouxe durante quatro anos, mas de certeza que as conservas Ramirez têm algo mais para oferecer a esta sua aliada, no futuro. Começando pela rejeição do programa eleitoral, é bom que esta senhora perceba que apesar de pertencer a uma coligação que teve 38% dos votos, de forma alguma pode obrigar os deputados representantes dos restantes 62% da população a aceitarem mais pobreza para o país. Na verdade a coligação entre o PSD e o CDS não ganhou coisa nenhuma, mas sim perdeu a maioria absoluta que tinha. Por outro lado assistiu-se finalmente a um entendimento entre 4 (PS, BE, PCP e PEV), partidos que representam a verdadeira maioria absoluta dos votantes nas eleições Legislativas, que pode muito bem ser considerada como a segunda derrota da direita portuguesa. 
Pela primeira vez estamos a assistir a um acordo parlamentar onde várias forças políticas se comprometem a negociar ano após ano as medidas a serem aprovadas na Assembleia. Não existe qualquer coligação, mas sim um acordo para que o PS assuma a liderança do país, mas onde terá de negociar com os restantes partidos tudo o que pretenda implementar, seja que tipo de medida for. Não existe nenhum cheque assinado em branco para que o PS faça o que bem entender, existe sim margem para negociação em tudo e dessa forma não vai existir ditadura política de 4 anos como os partidos do designado “arco da governação” estão habituados
Por isso senhora ex-ministra tenha mais contenção com o que deita cá para fora para manipular a opinião dos fracos de mente, que absorvem tudo o que é despejado por vós, seja nas redes sociais, seja na comunicação social que dominam em proveito próprio. A ignorância que tentaram implementar no país destruindo a educação e manipulando a comunicação social, não foi assumida por todos e há muitos que continuam de olhos bem abertos para vos fazer frente e apontar o dedo a tudo o que inventam.
Por último e não passando de uma simples opinião própria, espero que estejamos a assistir a uma mudança na cultura política em Portugal e que finalmente se acabem as maiorias absolutas de um só partido. As coligações pré-eleitorais não passam de formas dissimuladas de se tentar impor uma ditadura de 4 anos, onde se põe e dispõe tudo o que se bem entende e por norma e em proveito próprio. Já os acordos parlamentares pós-eleições servem para obrigar o partido que vai assumir os destinos do país a negociar as leis e medidas estratégicas, seja a nível económico ou social, sendo necessária sempre abertura a diferentes visões. 
Pode ser que seja desta vez que se acabou o “quero, posso e mando” e a conversa enjoativa do “voto útil”. Útil sim é a obrigação de negociação entre os vários partidos, para que nenhuma parte da população seja prejudicada.