17/06/2016

Presidente na CGD emprestou a amigos que o apoiaram para o BCP; Buraco ficou por pagar

Carlos Santos Ferreira, na altura presidente da Caixa Geral de Depósitos, autoriza um empréstimo a Joe Berardo, a família Moniz da Maia (Sogema), Manuel Fino, Pedro Teixeira Duarte e José Goes Ferreira, que receberam o crédito da CGD para comprarem acções do BCP. Estes depois apoiam-no para a presidência do banco onde foi "enterrado" o empréstimo, com um prejuizo astronómico ... 

Em causa estão operações de financiamento que, só no primeiro semestre de 2007, totalizaram mais de 500 milhões de euros, e serviram para adquirir o equivalente a cerca de cinco por cento do capital do BCP por um total de 22 accionistas. Mais tarde a Eureko, com 9,96%, a Teixeira Duarte, com cerca de 6,2%, Joe Berardo, com cerca de 6,82%, a Sonangol com mais de 5,0%, a EDP, com quase 4,5%, além de pelo menos mais quaro accionistas com participações próximas de 1,0% cada, apoiam Santos Ferreira


Carlos Santos Ferreira aprova empréstimo a amigos para estes reforçarem poder no BCP

"Alguns accionistas do Banco Comercial Português (BCP) que apoiam a candidatura do ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos Carlos Santos Ferreira têm vindo a reforçar o seu investimento em acções daquela instituição privada com crédito concedido pelo próprio banco do Estado.

O PÚBLICO apurou que Joe Berardo, a família Moniz da Maia (Sogema), Manuel Fino, Pedro Teixeira Duarte e José Goes Ferreira receberam crédito da CGD para comprarem acções do BCP, o que lhes tem permitido ter uma palavra a dizer nos destinos do maior banco português.

Em causa estão operações de financiamento que, só no primeiro semestre de 2007, totalizaram mais de 500 milhões de euros, e serviram para adquirir o equivalente a cerca de cinco por cento do capital do BCP por um total de 22 accionistas, mediante recurso a financiamento da CGD.

Desta fatia, cerca de quatro por cento do capital foram adquiridos pelo grupo de cinco accionistas principais referidos durante aquele período. Neste grupo encontram-se os primeiros proponentes de Carlos Santos Ferreira para a presidência do BCP - Berardo e Moniz da Maia.

Conselho aprovou

A garantia destes financiamentos é feita em primeira linha pelos títulos adquiridos, sendo, nalguns casos, reforçada com outros activos de menor volatilidade, segundo informações apuradas pelo PÚBLICO.

Estas operações, que são legais, foram autorizadas pelo Conselho Alargado de Crédito da Caixa formado por cinco administradores: Carlos Santos Ferreira, o então CEO, o seu vice, Maldonado Gonelha, Armando Vara, Celeste Cardona e Francisco Bandeira. Com excepção de Bandeira, que vai integrar a equipa da CGD encabeçada por Faria de Oliveira, todos os restantes já saíram ou vão sair da gestão do banco público. Armando Vara tinha o pelouro do crédito bancário.

Além das dúvidas que podem levantar em termos de gestão de risco - uma vez que estão em causa clientes com carteiras de títulos de grande dimensão e cuja volatilidade envolve o risco de queda da cotação, como tem acontecido com o BCP -, estas operações resultaram em compromissos financeiros de accionistas do BCP aprovados, entre outros, por aqueles que agora são por eles apoiados na luta pela presidência do banco privado: Santos Ferreira e Vara. Todavia, quando o grupo estatal emprestou o dinheiro a Berardo, a Moniz da Maia, a Goes Ferreira e à Teixeira Duarte, não se previa ainda os acontecimentos mais recentes." 

» no Público a 4 de Janeiro de 2008 neste link


Amigos apoiam Carlos Santos Ferreira para Conselho de Administração do BCP

"A Teixeira Duarte confirmou esta quinta-feira, oficialmente, o seu apoio à lista liderada por Carlos Santos Ferreira para o Conselho de Administração do BCP, ao lado de um grupo de accionistas cujas participações no capital do banco garantem a eleição.

A construtora tinha posto em causa o seu apoio inicial, dado ao assinar a proposta à AG da lista encabeçada por Santos Ferreira, quando alguns accionistas que também subscreveram essa lista avançaram com propostas para alargamento do Conselho Geral e de Supervisão e eleições de novos membros do Conselho de Remunerações, de onde saia Pedro Maria Teixeira Duarte e os outros actuais membros para entrar Joe Berardo, a presidir, e novos vogais.


Eureko, com 9,96%, A Teixeira Duarte, com cerca de 6,2%, Joe Berardo, com cerca de 6,82%, a Sonangol com mais de 5,0%, a EDP, com quase 4,5%, além de pelo menos mais quaro accionistas com participações próximas de 1,0% cada, apoiam Santos Ferreira."

» no Expresso a 10 de Janeiro de 2008 neste link


Contribuinte português fica com o buraco financeiro

"A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um "buraco" da ordem dos 300 milhões de euros resultante dos financiamentos dados à fundação de Joe Berardo e a empresas ligadas ao investidor. A informação consta dos dossiers enviados pelo grupo liderado por Faria de Oliveira ao Banco de Portugal - que articula os trabalhos de inspecção à banca portuguesa determinados pela troika -, à PricewaterhouseCoopers(PwC) - empresa a quem foi confiada a missão - e ao Governo.

O PÚBLICO apurou que o presidente da Comissão de Remunerações e Previdências do Banco Comercial Português (BCP) deve, actualmente, cerca de 360 milhões de euros à CGD. De acordo com os documentos, o valor em risco (imparidade) era, na semana passada, de aproximadamente 300 milhões de euros. Isto, porque as garantias reais entregues por Berardo à CGD estavam avaliadas, então, em apenas cerca de 60 milhões. Na sua maioria, estão em causa títulos do BCP, adquiridos a crédito, e que esta semana têm estado a ser negociados na bolsa de Lisboa perto dos vinte cêntimos cada. 

Fonte ligada a Joe Berardo contestou os dados avançados pelo PÚBLICO, referindo que essa não era a informação que possuía. Acrescentou, ainda, que o comendador reforçou recentemente as garantias para os níveis exigidos.
Os empréstimos foram contraídos por Joe Berardo junto do grupo público quando este era liderado por Carlos Santos Ferreira (actual presidente do BCP). A 14 de Julho de 2006, Berardo contratou com a CGD um crédito de 50 milhões de euros, para compra de 58,2 milhões de acções do BCP, a vencer a cinco anos em regime de bullet (empréstimo-bala), ou seja, a pagar no final do prazo, que terminou a 14 de Julho de 2011.

No ano seguinte, em Maio de 2007, o investidor acordou, no mesmo regime, um novo financiamento, este de 350 milhões de euros, a vencer em Maio de 2012, repartido em duas tranches. O valor total do crédito negociado nos dois anos perfazia 400 milhões, novamente para compra de acções do BCP. Actualmente, o departamento de recuperação de crédito da CGD, à semelhança do que está a fazer com outros devedores, tem mantido contactos com o investidor para encontrar uma solução."

No Público a 15 de Setembro de 2011 neste link