Os transgénicos são organismos vivos modificados em laboratório, onde
se altera código genético de uma espécie com introducção de uma ou
mais sequências de DNA (genes), provenientes de uma outra espécie -
sexualmente não compatíveis - por exemplo: introduzir fragmentos de DNA
de bactérias/virús no DNA do milho.
Este(s) novo(s) gene(s)
introduzido(s) nunca antes na Natureza pertenceram ao genoma dessa
espécie e vão conferir-lhe uma "nova" característica e/ou fazer com que
essa espécie produza "novas" substâncias/proteínas.
As
técnicas da engenharia genética consistem em isolar segmentos do
material genético de um ser vivo e introduzi-los no material hereditário
de outro. Esta técnica não pode ser comparada, como nos querem vender,
com os melhoramentos genético feitos desde sempre na agricultura onde
se cruzam organismos dentro da própria espécie, ou seja, que se cruza
milho vermelho com milho amarelo...
Existem 3 tipos de organismos transgénicos de momento a serem comercializados para agricultura e para consumo:
- as plantas trangénicas onde foram introduzidos genes para resistir a um determinado pesticida (quando nele aplicado);
-
as plantas trangénicas onde foram introduzidos genes para que a
própria planta produza o seu insecticida (em todas as suas células);
- as plantas trangénicas que têm estas duas características.
O cultivo e consumo de transgénicos estão a ampliar os impactos ambientais, sociais e o bem-estar dos consumidores.
Ambiente e Agricultura
Um
dos principais problemas ambientais relacionados com os transgénicos é a
contaminação genética (cruzamento entre plantas transgénicas com
plantas convencionais). Este tipo de contaminação é irreversível, uma
vez que, um gene quando “ lançado” no meio ambiente não existe forma de o
eliminar do ecossistema.
Ora, este gene ao expressar características
com consequências negativas no ambiente/saúde faz com que, os
organismos que o adquirem (através do cruzamento com organismos
transgénicos), transportem no seu código genético infomação que gera
poluição (pelos impactos negativos que causa) irreversível (porque não
se consegue remediar) na biosfera.
Além dos impactos no ambiente
e na saúde imprevísiveis que as “ espécies contaminadas” podem causar,
ao transportar o novo gene no seu genoma, esta espécie fica com uma
patente cravada no seu código genético. E, através das patentes sobre
OGMs, as companhias ganham OGMs!
O cultivo de transgénicos pode
aumentar o uso de herbicidas na agricultura. Estes ao serem produzidos
com o objectivo de resistir um único herbicida, pode originar que, no
final de alguns anos de uso deste herbicida, o agricultor começa a ter
problemas para eliminar as ervas daninhas (que adquiram resistência a
esse herbicida).
Para resolver este problema, o agricultor é
obrigado a aplicar o herbicida mais vezes e em quantidades cada vez
maiores. E isso significa que mais herbicida será depositado no solo e
na água na sua exploração de cultivo. Quando essas quantidades não são
suficientes, o agricultor terá que aplicar outros herbicidas que as
ervas daninhas ainda não são resistentes. Toda esta lógica de aplicação
de pesticidas tem efeitos na água, no solo, na saúde dos seres humanos
difíceis de quantificar.
A diminuição da agrobiodiversidade não
é apenas uma consequência da agricultura com transgénicos. Já antes,
com a Revolução Verde e a industrialização da agricultura, se iniciou a
transformação de uma agricultura eficiente para uma agricultura
baseada na produtividade e no lucro.
Assim, as variedades com maior
valor comercial foram tomando o lugar das mais diversas variedades que
se desenvolveram pela mão dos camponeses ao longo de milhares de anos. O
monocultivo, assegurado por máquinas, agroquímicos e agora também
por variedades transgénicas criadas no laboratório, transformou a
riqueza da agricultura em campos vulneráveis a pragas e ecologicamente
pobres.
Saúde
As consequências que
poderão existir a longo prazo (da inserção de genes a organismos que
não lhe pertencem) são completamente imprevisíveis devido a toda a
complexidade referente à genética e ausência de conhecimento nesta área
para avaliar o risco de tal passo.
No entanto, do que até hoje foi
estudado, existe uma divisão de opinião a nível dos cientistas dos
riscos que o cultivo de transgénicos pode causar na saúde humana, assim
como, existem muito poucas avaliações de risco na saúde devido ao
consumo de transgénicos, logo muita incerteza em relação a este tópico.
O
efeito do aumento do uso de herbicidas e pesticidas na agricultura com
transgénicos não reflecte um bom sinal para a qualidade dos alimentos
que ingerimos.
Os possíveis efeitos na saúde humana dos
transgénicos estão relacionados o aumento de alergias, aumento da
resistência a tratamentos com antibióticos e alterações de peso em
fígados e rins de cobaias.
Como não existem informações
suficientes sobre a segurança do consumo de alimentos transgénicos
ingeri-los significa correr um risco desnecessário.
Sociais e económicos
A produção de transgénicos está dentro de um sistema de agro-indústria.
Este tipo de sistema agro-industrial apenas beneficia as grandes
empresas como Monsanto, Pioneer, Syngenta que monopolizam a venda de
produtos desta indústria (sementes e agro-tóxicos...).
Hoje
em dia, este é sistema domina os princípios da agricultura
latifundiária e tem consequências avassaladoras para todos os países
onde a agricultura é o sector principal na sua economia. Estas
consequências são traduzidas em mais fome, probreza, aumento da dívida
dos países pobres para os países
mais ricos/dependência...
Muitas
pessoas acreditam que os transgénicos foram inventados para produzir
mais e acabar com a fome no mundo, ou para resistir condições adversas
do meio ambiente como, as chuvas, as secas e temperaturas extremas. No
entanto, depois de mais de 10 anos do cultivo e comercialização de
transgénicos, por exemplo, a fome no mundo para milhares de pessoas
continua a ser uma realidade.
Adquirir sementes patenteadas e
entrar no monopólio de sementes (transgénicas ou não) criados pela
agro-indústria, conduzirá os povos à perda da sua soberania alimentar e à
perda de recursos alimentares. Por isso, os transgénicos não mitigarão
a crise alimementar, irão em vez disso, reforçar o aumento desta
crise.
Pela Soberania alimentar dos Povos, pelo respeito à
biodiversidade...para que o direito à escolha seja um direito dos
consumidores, estamos a lutar pelas sementes livres de Transgénicos!
postado em http://gaia.org.pt