15/09/2015

A poluição desenfreada e os crimes ambientais são filhos do lucro a todo o custo

Existe uma mentalidade subjacente ao capitalismo, que se exacerba na situação em que este se torna predominantemente financeiro e globalista, de que os recursos existentes no planeta, devem ou têm de ser explorados no interesse do lucro, independentemente dos prejuízos colaterais ambientais e sociais, que tal possa provocar.

Mistificam a atitude como se fosse de desenvolvimento e progresso; na realidade sê-lo-ia, caso se contribuísse, ainda que indirectamente, para o progresso social e económico das populações dos países onde se pratica; mas a verdade, é que generalisticamente esses ataques ambientais, feitos em nome do progresso, servem somente para alimentar o bolso de elites residentes, conluiadas a maior das vezes com multinacionais, que necessitam de matérias-primas ou produtos manufacturados aos preços que lhe permitam maximizar os seus lucros.

Normalmente o custo do impacto ambiental, é deveras superior ao proveito retirado; impacto que mesmo reduzido ou mitigado, nunca repõe as condições originais, mesmo que aproximadas; uma chaga, uma mudança radical paisagística, uma afectação de solos incontornável.

O lucro alimentou momentaneamente o sistema, mas as consequências nefastas afectarão as gerações futuras irremediavelmente.

Sabedores somos todos, que o capitalismo globalista aspira ao lucro máximo; procura adquirir a preços mais reduzidos possíveis, as máximas quantidades necessárias à optimização do seu lucro; logo entende que a exploração dos recursos deve ser massiva e extensiva; assim dará prioridade, na aquisição, àqueles países cujos custos de segurança ambiental sejam reduzidos ou inexistentes; ou cuja disposição, para fornecer esses bens, levem a que se esqueçam de todos os impactos negativos ; ou ainda cuja legislação seja suficientemente permissiva, para que tudo se possa fazer, evitando investimentos de controlo ambiental que encareçam o produto final. E sabem quem lá está para tudo garantir a contento? Agora e sempre as elites, aquelas que sem controlo devido, aspiram ao enriquecimento rápido, mesmo que em detrimento dos países onde nasceram. Mas também não admira, os lucros obtidos são passaporte seguro, para em emigração dourada rumarem a outros portos.

Então constatemos exemplos:

Indonésia - Plantações massivas de palmeiras, com o objectivo de produzir óleo de palma, estão a substituir extensões enormes de floresta virgem nas ilhas do Bornéu e Salawesi. Grandes empresas têm-se apropriado de enormes extensões de terras, muitas delas ocupadas por comunidade indígenas, que sempre viveram em comunhão de vida com as florestas. Destroem irremediavelmente as florestas tropicais, com todo o seu manancial de vida, muito ainda por descobrir cientificamente, como também o meio de vida ancestral das populações que as habitavam, forçando a sua migração para os bairros da lata periféricos das cidades.

China - A industrialização apressada, desregrada e pelo menor custo tem preços, em termos comunitários enormes. No Ocidente, as regulamentações industriais de controlo da poluição têm custos que afectam os preços dos produtos a jusante. Sabemos também, que a não implementação dessas medidas representam para os trabalhadores e comunidades envolventes sérios prejuízos económicos, sociais e em termos de saúde humana e ambiental.

Agora imagine-se um país, que para obter investimento estrangeiro, para o fabrico de toda a espécie de produtos se demite da responsabilidade do combate a poluição e deixa o problema ao arbítrio das empresas industriais. Na guerra de preços, porque se gere o capitalismo global, é certo e sabido, que o investimento oneroso em medidas anti-poluentes, não é bem-vindo; quanto mais barato for o produto à saída da fábrica, mais competitivo será. Foi o que sucedeu na China. Por detrás do milagre económico, sopra no ar, desagua nos rios, amontoam-se em lixeiras o resultado terrível, da inépcia governamental, que irá afectar gerações.

O PC Chinês discursa que é seu objectivo atacar a poluição. Só que o mal está feito, e é muito difícil de resolver. E se o quiser resolver, terá de subir os preços dos produtos fabricados e perder poder concorrencial, para outra república das bananas, situada perto. Eis o dilema. Lá se vão as taxas de crescimento do PIB. A não ser que as fabriquem também.

EUA - O Fraking, é uma técnica dita de revolucionária de extracção de gaz e petróleo, nomeadamente em xistos profundos. Consiste na fracturação hidráulica da rocha mãe, onde se situa a jazida. Começam por fazer uma perfuração até ao nível desejado, após o que fazem uma perfuração horizontal até ao local próprio. Então injectam no furo água com areia e aditivos químicos a alta pressão. O Gás ou petróleo saem do furo junto com a maior parte do material que se injectou.

A técnica em termos de rentabilidade permitiu aceder a jazidas que até agora não eram susceptiveis de serem exploradas. Permitiu também que os EUA, deixassem de ser dependentes, pelos menos, nos próximos tempos, de produtos petrolíferos importados. Alem disso permitiu, devido à quantidade produzida, baixar nos mercados internacionais os preços das ramas petrolíferas. O mundo das maravilhas, com um senão. Os aditivos químicos injectados poluem os lençóis freáticos, e tornam a água impropria para consumo. Desconhecendo-se se a natureza alguma vez terá a capacidade de a purificar novamente.

O lucro imediato, gerando prejuízos futuros incomensuráveis. Mas os interesses geoestratégicos americanos, que neste momento consistem em fazer “baixar a crista”, a países como o Brasil e a Rússia mandam mais alto.

E os nossos filhos, e os filhos dos nossos filhos cá estarão para suportar, os “erros” daqueles para quem o poder e os lucros estão a cima, da humanidade.