Este artigo surge a 17-11-2012 no www.diariodigital.sapo.pt, e pretende
ser uma justificação esfarrapada para se introduzir o tema da censura na
net.
Não è apenas em Portugal que isto acontece ... nos Estados Unidos
justifica-se pela luta contra o terrorismo, no Reino Unido contra a
pornografia, em Portugal è contra os boatos de que esta gente è uma
mafia, e a desinformação. Por desinformação entenda-se : tudo aquilo que
não sai no noticiário da sua SIC, e de outros canais de informação
perfeitamente controlados de uma forma ou outra.
Aqui vai na integra :
O papel da Internet e das redes sociais na configuração do espaço público foi hoje questionado num debate em Coimbra, tendo o empresário Pinto Balsemão admitido a necessidade de limitar o que for “desinformação”.
Francisco Pinto Balsemão, presidente da SIC, disse
que na Internet, incluindo nas redes sociais, nos anos mais recentes,
são veiculadas informações com importância noticiosa, mas referiu que,
“misturado com isto tudo, há rumores que nunca são confirmados”.
“As redes sociais vieram agravar este fenómeno”, disse o antigo
primeiro-ministro, ao intervir numa conferência subordinada ao tema
“Democracia, novos media/novos poderes”, uma iniciativa conjunta da
Câmara Municipal de Coimbra e da Fundação Bissaya Barreto.
Na sessão, a terceira de um ciclo integrado nas comemorações dos 300
anos do nascimento de Jean-Jacques Rousseau, participaram também José
Manuel Fernandes, José Pacheco Pereira, Miguel Morgado e Viriato
Soromenho Marques, tendo cabido a moderação ao jornalista Henrique
Monteiro. Uma “grande parte” das pessoas “abdica da sua privacidade para
publicar informação sua na ‘net’ e nas redes sociais”, afirmou Pinto
Balsemão. Os cidadãos “que defendem a liberdade de expressão” poderão ser
levados a exigir que “sejam colocados limites a essa desinformação”,
acrescentou.
“Até que ponto devemos ser tolerantes com a intolerância?”, perguntou
o fundador do semanário Expresso, afirmando que ele próprio já foi
“vítima disso” na Internet.
Nos meios de comunicação virtuais, “há dificuldade em saber quem é quem”, criticou.
Pinto Balsemão referiu que, para reagir a estes problemas, importa
que “os meios ditos tradicionais mantenham as suas funções de mensageiro
de filtrador, de veiculador de opiniões e de ‘aguilhão’ da opinião
pública”.
Também o ex-eurodeputado Pacheco Pereira considerou que “não é
possível haver sociedade democrática sem haver mediações”, as quais
podem ser efetuadas através “do saber, do conhecimento profissional, do
tempo institucional, do direito e das regras”.
A democracia “é a vontade da maioria”, mas a ela deve acrescentar-se “o império da lei”, adiantou. “A democracia é feita para garantir que decisões não populares possam
responder a outras necessidades que não são aquelas que impulsionam o
voto popular”, afirmou o comentador político e antigo eurodeputado do
PSD.
Para o professor universitário Viriato Soromenho Marques, “o excesso
de informação ruidosa” é hoje um dos problemas das sociedades. “Ninguém pode esperar que, com um artigo de jornal ou um programa de
televisão, possa passar da ignorância à sabedoria”, disse, realçando que
“a comunicação social ajuda a definir uma agenda pública para a esfera
pública”.
O jornalista José Manuel Fernandes, por seu turno, criticou “um certo
jornalismo de pé de microfone” que às vezes o deixa “enfadado”. Os jornalistas “têm alguma culpa na crise dos média” e na “perda de audiências”, acusou.
Para os políticos, “a obediência à agenda mediática” tem “uma razão
forte democrática de ser”, defendeu, por seu turno, Miguel Morgado,
assessor político do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Miguel Morgado justificou esta afirmação com a ideia de existir
atualmente “uma ‘des-sintonia’ entre o tempo político e o tempo
mediático” à qual os políticos procuram adaptar-se, uma vez que eles
“são os representantes da opinião popular”.
Diário Digital com Lusa