19/12/2015

Cimeira de Paris, o Estado Policial em "Democracias Modernas"

Em Paris, o estado francês encontrou na luta contra o terrorismo a justificação ideal para reprimir manifestantes ecologistas. No entanto, no fim de Dezembro, e contra a vontade estatal, milhares de franceses invadiram Paris com palavras de ordem, cartazes e vontade de defender o planeta. 

Enquanto os supostos lideres mundiais, em ambientes de luxo e sorrisos de ocasião tiravam fotos de circunstância, celebrando um falso acordo que nada de novo propõe ou impõe, e que apenas faz respirar de alívio as grandes corporações mundiais, a polícia francesa ia reprimindo de forma barbara os manifestantes na rua.

A Vice apresenta na primeira pessoa um relato de portugueses, das agressões que foram cometidas, dos abusos a que foram sujeitos os franceses, e das condições a que, já detidos, foram mantidos, no dia 29 de Novembro na capital francesa. Em baixo, deixamos também um vídeo, com imagens de um rol de crimes de agressão da polícia francesa contra manifestantes pacíficos, que irão falar melhor que mil palavras.

"As celas estavam imundas, cheiravam horrivelmente mal. Havia urina no chão, particularmente na cela das raparigas, onde estava uma poça enorme, e as paredes tinham coisas escritas com fezes humanas. Só havia um banco de pedra para nos sentarmos. Deixaram-nos lá bastante tempo a chorar e a gritar para, pelo menos, nos colocarem noutro sítio, mas a única resposta que tivemos foi a de um dos polícias que passou e respondeu: "pour les femmes c'est tout ce qu'il y a" (para as mulheres é só isto que há)".

Rebeca Amorim, 19 anos, é natural de Lisboa e está desde Setembro em Paris a estudar Antroplogia e Filosofia ao abrigo do Programa Erasmus. Vicente Booth, também lisboeta, tem 20 anos, estuda guitarra jazz no Hot Club e estava a visitar a namorada. 

No domingo, último dia antes de Vicente regressar a Portugal, o casal decidiu juntar-se à demonstração pacífica na Place de La Republique. "Já há um mês que via cartazes sobre a Marcha no metro e na rua e ia seguindo as páginas no facebook sobre os eventos que iam organizar-se. 


Na minha faculdade (Paris Diderot 7) houve debates, filmes e refeições colectivas e gratuitas, organizadas pelos alunos, nas semanas antes da COP 21. Pareceu-me excelente estar pela primeira vez numa cidade que se mexe para fazer coisas, que debate e se organiza em torno de questões tão importantes como o ambiente, o clima e a natureza", explica à VICE a estudante portuguesa. 

Chegaram à Praça por volta das 14h00 e imediatamente perceberam que, pelo aparato policial, "que bloqueava todas as ruas principais com carrinhas e homens", tanto as entradas como as saídas do local não estavam a ser facilitadas. Confessam, no entanto, que não assumiram isso como um possível problema: "No centro da Praça havia duas carrinhas a distribuir refeições vegetarianas a toda a gente. Encontrámos uma amiga minha italiana, também em Erasmus, num grupo sentado no chão a ouvir algumas pessoas a discursar com microfones, sobre o clima, a COP21, a natureza, novas medidas ecológicas... não havia na verdade nenhuma manifestação, mas vários grupos de pessoas a fazer coisas diferentes, com música, dança, debates, comida, e até um grupo de palhaços que estavam a fazer animações".» o resto directamente no artigo original

O video em baixo é ilucidativo :