O
elefante no meio da sala não é o resultado do défice, mas a falácia de
um programa de ajustamento deficiente que nunca cuidou sequer de aliviar
as restrições mais básicas, como os esmagadores juros da dívida.
Quiçá entusiasmados pelo ditado português “o que arde
cura”, e segundo afiança o Le Monde, a politicada “Bruxelista” do Excel
quer deitar mais “achas para a fogueira” do descontentamento popular.
Tudo porque Portugal foi para além dos planos da ‘troika’, qual bom
aluno sedento pela palmadinha condescendente do dono.
A medida de sancionar um país que tudo fez dentro das limitações do
engenho e competência dos seus governantes, que aceitou sem grandes
percalços os enormes constrangimentos impostos, que seguiu cegamente uma
via de empobrecimento desprovida de qualquer fundamento técnico,
hipotecando o seu presente e futuro, tal povo não pode ser certamente o
destino de mais um atentado à sua honra.
O elefante no meio da sala não é o resultado do défice, mas a falácia
de um programa de ajustamento deficiente que nunca cuidou sequer de
aliviar as restrições mais básicas, como os esmagadores juros da dívida.
Mesmo que o objectivo do défice tivesse sido cumprido, e não o foi por
uma nesga, Portugal pagou entretanto mais de 32 mil milhões de euros só
em juros! Isto quando o BCE cria dinheiro do nada e empresta à banca não
apenas a custo zero como até paga para emprestar, é obscenamente
inaceitável!
Ao invés de curar uma ferida, os idiotas no leme em Bruxelas vão
colocar antes sal na ferida. Vai doer, vai piorar a situação económica,
mas principalmente vai fornecer as únicas verdades aos discursos dos
“Nigel Farage” da União Europeia, quando afirmarem que os burocratas de
Bruxelas nunca fizeram um único trabalho decente nas suas vidas.
O ‘Brexit’, ao invés de estar a ser uma oportunidade para uma Europa
melhor, aparenta, tal como temia, ser a continuação de um plano de
estrangulamento e subjugação dos países mais pequenos por parte da
Alemanha. A existir realmente uma saída do Reino Unido do projecto
europeu, a UE consolida a direcção de “partido” único, onde a
intransigência cega vai reinar. O primeiro exemplo disso será o regresso
da prepotência e discricionariedade da PIDE, neste caso pela mão do
Procedimento Intransigente de Défice Excessivo.
por Marco Silva no Económico
Marco Silva é analista e comentador financeiro
e tem o seu próprio espaço no facebook que poder ver clicando neste link