01/07/2016

Idiotas no Leme

O elefante no meio da sala não é o resultado do défice, mas a falácia de um programa de ajustamento deficiente que nunca cuidou sequer de aliviar as restrições mais básicas, como os esmagadores juros da dívida.

Quiçá entusiasmados pelo ditado português “o que arde cura”, e segundo afiança o Le Monde, a politicada “Bruxelista” do Excel quer deitar mais “achas para a fogueira” do descontentamento popular. 

Tudo porque Portugal foi para além dos planos da ‘troika’, qual bom aluno sedento pela palmadinha condescendente do dono.

A medida de sancionar um país que tudo fez dentro das limitações do engenho e competência dos seus governantes, que aceitou sem grandes percalços os enormes constrangimentos impostos, que seguiu cegamente uma via de empobrecimento desprovida de qualquer fundamento técnico, hipotecando o seu presente e futuro, tal povo não pode ser certamente o destino de mais um atentado à sua honra.

O elefante no meio da sala não é o resultado do défice, mas a falácia de um programa de ajustamento deficiente que nunca cuidou sequer de aliviar as restrições mais básicas, como os esmagadores juros da dívida. Mesmo que o objectivo do défice tivesse sido cumprido, e não o foi por uma nesga, Portugal pagou entretanto mais de 32 mil milhões de euros só em juros! Isto quando o BCE cria dinheiro do nada e empresta à banca não apenas a custo zero como até paga para emprestar, é obscenamente inaceitável!

Ao invés de curar uma ferida, os idiotas no leme em Bruxelas vão colocar antes sal na ferida. Vai doer, vai piorar a situação económica, mas principalmente vai fornecer as únicas verdades aos discursos dos “Nigel Farage” da União Europeia, quando afirmarem que os burocratas de Bruxelas nunca fizeram um único trabalho decente nas suas vidas.

O ‘Brexit’, ao invés de estar a ser uma oportunidade para uma Europa melhor, aparenta, tal como temia, ser a continuação de um plano de estrangulamento e subjugação dos países mais pequenos por parte da Alemanha. A existir realmente uma saída do Reino Unido do projecto europeu, a UE consolida a direcção de “partido” único, onde a intransigência cega vai reinar. O primeiro exemplo disso será o regresso da prepotência e discricionariedade da PIDE, neste caso pela mão do Procedimento Intransigente de Défice Excessivo.

por Marco Silva no Económico

Marco Silva é analista e comentador financeiro 
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