24/09/2015

Corrupção e Desemprego em Portugal

A corrupção em Portugal cresceu sobretudo nos últimos 20 anos. Falar em corrupção não é o mesmo do que falar em burlas ou fraudes, ou mesmo em gestão danosa, pois são termos totalmente diferentes. 

Mesmo o significado de corrupção que é dado na legislação nacional não tem nada a ver com o que é realmente o seu significado; o significado mais correto e mais simples que foi dado pelo parlamento Inglês aqui há já uns anos é o seguinte, “Corrupção é a utilização de um poder delegado, para proveito próprio, de familiares, amigos e ou grupos de interesse”. 

Mas podemos ir mais longe, e verificar o significado que é dado ao termo corrupção, por exemplo por estudiosos russos, “Para que haja corrupção é necessário que haja um vendedor e um comprador, o primeiro é regra geral um político investido de poder, o segundo é um Bandocrata (termo russo para definir corruptor) que normalmente usa o seu dinheiro e a sua influência para comprar o poder”, sendo que a ONU considera que “O dinheiro na política subverte toda a lógica de poder”.
 
Ora bem questionam-se vocês o que tem a ver, ou qual a ligação entre a Corrupção e o Desemprego, ou na melhor das hipóteses questionam-se ou afirmarão mesmo que uma coisa não tem a ver com a outra. Pois bem estão interligadas, sobretudo em Portugal, cuja corrupção existente é sistémica, ou seja, o sistema é comprado mesmo antes de entrar em vigor, principalmente pelas grandes sociedades de advogados do costume. Em todo o caso vou aqui expor o porquê de a Corrupção e o Desemprego estarem interligados, e até mesmo a pobreza está interligada à corrupção, mas deixemos esta para outra altura, vamos focar-nos no título deste artigo, e vou relatar-vos o que se passa, neste sentido.
Como poderão saber ou como poderão já ter observado, as Câmaras Municipais tornaram-se hoje nas maiores agências de Emprego, os presidentes de Câmara foram carregando boys por assim dizer, para as câmaras, para as fundações, para as empresas, etc, o que quer dizer que para se ter emprego hoje em Portugal, ou se cai nas redes clientelares dos presidentes de câmara, ou se pertence a uma qualquer força partidária.
Mas se isto é grave nos grandes e médios concelhos, nos pequenos concelhos é verdadeiramente dramático. Porque nos pequenos concelhos por norma o maior empregador é a Câmara Municipal, o segundo maior empregador é uma misericórdia ou uma IPSS local que depende em absoluto da câmara, e o terceiro maior empregador é uma média empresa que não dependendo diretamente da Câmara, depende em absoluto dos favores da Câmara, o que quer dizer que nestes pequenos concelhos por norma só tem emprego ou progride na carreira quem de alguma forma pertence a uma qualquer estrutura partidária ou então caia na rede clientelar mais uma vez do presidente de câmara. Isto depois tem quatro consequências terríveis, a saber:
- Muitas vezes abrem-se lugares que não são necessários;
- Mas quando são necessários são atribuídos a incompetentes o que cria uma injustiça na atribuição do lugar e com os custos que todos nós conhecemos;
- Mas quando se coloca um incompetente num lugar durante muito tempo a tomar más decisões, o que tem enormes custos que depois todos nós pagamos;
- Por fim as pessoas criam a ideia real, de que para obterem emprego e progredirem na carreira, não é necessário ter competências, capacidades ou estudos, basta que pertençam a uma qualquer estrutura partidária, ou caírem na rede clientelar do presidente de câmara para obterem emprego e progredirem na carreira.
Conclusão que se retira disto é muito simples este tipo de prática, tem subvertido toda a lógica de recursos humanos do próprio país, o que por si só é gravíssimo, e leva à situação que nós bem conhecemos, pois os muitos que se opõem a este tipo de prática comum e que muitos chamam vulgarmente de senso comum, não há aqui qualquer tipo de senso comum, pois, esta é a tal cultura do favor e da cunha que já deveria ter sido eliminada, para que o lugares de emprego possam ser atribuídos, sim pela competência, pela capacidade e pelos estudo, de forma a haver justiça, na hora de atribuir o lugar.
Volto em breve.