24/09/2015

Economia para Tótós

Chicago, 1948 - Os extremos das crises
Não percebo nada de economia. “Eu é mais … pessoas!” (estou-me a lembrar do Herman pasteleiro “eu, é mais bolos”). Mas ponho-me a pensar, e submeto os meus pensamentos a outros totós como eu, a ver se juntos chegamos a alguma conclusão. 

Se calhar devia pedir esclarecimentos a algum craque de economia que conheça, mas depois de conhecer o Cavaco Silva, não consigo acreditar neles. Eu penso que, se conseguirmos perceber isto, talvez consigamos defender-nos do que está a acontecer. 


Se não percebermos, é como a peste na Idade Média: é o destino, é o castigo pelos nossos pecados, resta-nos rezar e acender velas. Então ajuda-me lá:



Até aqui há relativamente pouco tempo, os donos do dinheiro tinham terrenos, fábricas, minas, barcos, máquinas, armazéns, oficinas, hotéis, casas, etc. Nós, os sem dinheiro, trabalhávamos nessas coisas. Eles pagavam-nos para nós lavrarmos os terrenos deles, movermos as fábricas deles, esburacarmos as minas deles, etc. e o nosso trabalho acrescentava o dinheiro deles. Estou a ver bem, não estou? 

Há algum tempo, e agora nota-se muito, os donos do dinheiro descobriram que fazem muito mais dinheiro a comprar e vender acções do que com as quintas ou os camiões. E é uma cena mais asseada: nem lama, nem óleos, nem suor… é tudo on-line, no gabinete. E é uma cena mais descansada, não é preciso misturas com gentalha sempre com exigências. É só contactos a alto nível, tudo Armani e nada de gangas, gabinetes com design nas sedes dos bancos, salões históricos de palácios governamentais, paraísos off shore com resorts esplêndidos em vez de subúrbios horrorosos onde nem se pode abrir a janela do Audi. 

Então, o nosso problema é que eles estão a tirar o dinheiro das cenas produtivas e a levá-lo para uma esfera a que não temos acesso. Bem, o dinheiro é deles! Mas é só deles? Então não fomos nós que lhes permitimos esta acumulação? E nós? Vamos à pesca embarcados em acções? Lavramos as terras com acções? Metemos acções nos depósitos dos camiões? Claro que não. Ficamos é sem empregos! Mas o que é que vai acontecer a seguir? Oh, como eu sou ignorante, que dúvidas nebulosas se me enrolam no pensamento, que chatisse! Não consigo passar daqui. Ponho-me a pensar o que vamos comer (nós e eles), daqui a 30 anos. Eles hão-de ir de país em país, com a habitual colaboração dos políticos, a exigir impostos mais altos que os antigos “5ºs dos infernos”, para comprarem mais acções. Como são poucos, hão-de ter sempre comida e o resto. Mas nós, as multidões? Se calhar, os filhos e netos dos sobreviventes vão ter de aprender a malhar ferro para fabricar arados, a carpinteirar canoas para ir à pesca, a tecer fios de lã para fazer roupa… e eles voltarão aqui, para de novo nos extorquirem impostos, daí a umas dezenas de anos, quando tudo já estiver um pouco mais estabilizado. 

O capitalismo levantou voo até às bolhas gasosas das acções on-line, e ficará a pairar, qual mostrengo sobre as naus, “imundo e grosso”, enquanto o tolerarmos. Mas sou só eu, porque não percebo nada de economia, que penso assim, não sou? Não faz sentido nenhum, pois não? Diz lá!