24/09/2015

Uma Nação submetida aos mercados fica presa ao atraso

Se uma Nação prescinde das suas fronteiras económicas, por imposição de interesses estrangeiros ou não, estão criadas as condições políticas e económicas para que os seus interesses nacionais se subordinem a interesses estrangeiros dominantes. 

E isso é tanto mais grave, quando se hipoteca o futuro da Nação.






1ª Constatação - A importação de produtos agrícolas ou fabricados, produzidos exteriormente com economias de escala, a preços inferiores aos que os produtores nacionais conseguem colocar no mercado, fazem com que a produção nacional se desagregue e se reduza, criando uma massa de trabalhadores excedentários a quem só lhe resta a emigração ou a miséria. 
A reconversão em novas indústrias só muito dificilmente é realizada, uma vez que será difícil o seu arranque e estabilização, em virtude de as fronteiras se encontrarem escancaradas.
2ª Constatação - A destruição de um tecido produtivo equilibrado num país subjugado, tem por consequência a especialização forçada em meia dúzia de serviços ou produções, normalmente sem grande relevância económica e cuja comercialização externa muitas vezes também é controlada por grupos económicos organizados nesse sentido. 
Isto conduz, a que as receitas desse país fiquem dependentes das cotações desses produtos nos mercados mundiais, que sobem e descem à mercê dos interesses do capitalismo global. Conduz ainda, à criação de elites internas relacionadas com essas produções, que se tornam a maior das vezes, aliadas dos interesses estrangeiros. Enquanto isso, o povo vegeta ou emigra. Uma terra queimada.
3ª Constatação - Um país que está incapacitado economicamente, e que alem disso tem as suas fronteiras económicas rebaixadas, tem dificuldades em controlar a sua Balança de Transacções Correntes com o exterior. 
Normalmente não possui capacidade produtiva interna para satisfazer as necessidades básicas das suas populações. Logo é forçado a importar; mas o que exporta não compensa o que importa. Tudo isto conduz a deficits crónicos na sua BTC, só combatíveis através da redução da capacidade aquisitiva das populações, feita pela subida de impostos sobre o consumo, ou através do seu empobrecimento, através de reduções salariais. É nisto que consiste a famosa austeridade.
4ª Constatação - A especialização produtiva forçada em meia dúzia de produtos ou serviços, conduz a um tecido económico desestruturado e desequilibrado. 
A riqueza criada pelo país tem tendência a concentrar-se nos detentores dos meios de produção desses sectores, apesar de por vezes eles não serem especialmente apelativos economicamente, uma vez que o mercado é muitas vezes controlado, quanto aos preços praticados, pelos mercados mundiais. Desse modo, criam-se zonas com diferente capacidade de criação de riqueza, umas mais ou menos prósperas, outras definhadas. Originando emigração e despovoamento, depressão e abandono. E nas zonas mais produtivas, dada a mão-de-obra ser excedentária, grandes diferenças sociais e económicas; uma sociedade de incluídos e de excluídos.
5ª Constatação - O Estado, órgão supremo da Nação, vê ser-lhe reduzida a sua capacidade de intervenção em função dos interesses económicos dominantes. 
Cortado na sua capacidade de cobrança de impostos, pelo empobrecimento geral da população; impedido de intervir economicamente, em virtude de os “interesses” dominantes lho impedirem, resta ao Estado um papel subordinado. Fortemente limitado na sua capacidade de intervenção no desenvolvimento infraestrutural do país, devido ao facto de as receitas que cobra serem insuficientes; resta-lhe o endividamento ou a estagnação. 
O endividamento conduz a prazo à subjugação liminar do país; a estagnação, à limitação do seu papel a simples “capataz” dos interesses estabelecidos.
6ª Constatação - Como o país se encontra completamente desprotegido em termos concorrências, é extremamente difícil desenvolverem-se novas industrias, baseadas em tecnologias já existentes, pois em industrias maduras, com mercados já controlados e bem protegidas por economias de escala, tal é impossível. 
A solução escape poderá ser eventualmente a entrada em nichos de mercado específicos, mas tal só será possível se se contar com a complacência das empresas dominantes. Resta as startups com novas tecnologias ou produtos; mas mesmo estas para vencerem precisariam de expansões de mercado muito rápidas e lucrativas, coisa que não existe num mercado doméstico em crise económica crónica.
Perante esta análise, restará a um país subjugado pelo dito Mercado, a constatação da sua miséria dependente, ou o corte radical das peias que o ata. Ficando como está, não se livrará tão depressa das teias do subdesenvolvimento e da submissão.