11/04/2016

Os manifestantes saem às ruas em toda a Europa - em fotos

Dezenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas das principais capitais europeias nos últimos dias. Será que a Primavera deste ano irá marcar o início de um novo ciclo de lutas?

No que pode vir a tornar-se uma primavera muito quente, dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas nas maiores  capitais europeias para protestar contra o governo, exigindo  a renúncia de seus líderes políticos e  querendo retomar o controle de suas vidas.

Em Reykjavik, os protestos em massa já derrubaram  o primeiro-ministro por causa do escândalo #PanamaPapers em rápida expansão, e em Londres  decorreram manifestações semelhantes no sábado para exigir a renúncia de David Cameron, forçado a admitir nesta semana que ele, pessoalmente, lucrou com  o fundo offshore do pai, mencionado nesta divulgação.

Em Atenas, os refugiados marcharam para exigir a abertura das fronteiras e o respeito pelo direito humano de asilo, enquanto em  França  teve início um movimento como o dos indignados que tem vindo a crescer nas praças, em oposição a uma nova lei de trabalho, ao  estado de emergência e da crescente apatia de o governo socialista às preocupações populares.

Poderá isto  poderia ser o início de um novo ciclo de lutas em todo o continente ? 

Protesto aos Panama Papers - Islândia

O povo da Islândia está  de volta às ruas! Mais de 10.000 pessoas saíram à rua  em Reykjavik para exigir a renúncia de todo o governo. Depois de um protesto em massa  ter forçado o primeiro-ministro a demitir-se na semana passada por causa dos #Panama Papers, os restantes ministros decidiram permanecer no poder e remodelar o gabinete. 

Embora se tenham  comprometido a anteciparem as eleições, em seis meses, não houve trégua nos protestos e exigência de destituição  de toda a coligação. O manifestante  Gissur Gunnarson dizia : "Estamos todos aqui para que vocês saibam que acabou. Não somos nós. São  vocês!"

O Movimento Nuit Debout em França (#NuitDebout)
Os confrontos escalaram no  sábado  em ocupações por toda a Europa,  designados de  Nuit Debout, com pelo menos 22 feridos - cinco graves - no oeste da França, com gás lacrimogéneo e bastões policiais. A polícia também teria usado gás lacrimogéneo em Paris e Nantes, reagindo aos manifestantes que atiravam fogo de artifício e pedras.

As ocupações começaram  em Paris na quinta-feira, quando os manifestantes decidiram não ir para casa depois de marchar contra uma reforma da  lei do trabalho beneficiando patronato. No décimo dia, os protestos Nuit Debout espalharam-se por dezenas de cidades em França, bem como várias outras na Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha, Portugal, Bélgica e Itália.

Os media local em Rennes, uma cidade no noroeste da França, informaram  que havia um jornalista entre os feridos, e que havia pessoas com feridas na cabeça e outros com problemas nos olhos. Dois policias também ficaram feridos, um de uma granada de atordoamento.










Protestos no Reino Unido - Panama Papers

Milhares de manifestantes marcharam em Downing Street sábado exigindo a renúncia  do  primeiro-ministro britânico David Cameron depois de surgirem  revelações sobre os seus assuntos fiscais no início desta semana, juntamente com as divulgação sobre os documentos de Panamá.

Os manifestantes, muitos vestindo chapéus Panamá, cairam  sobre os portões de Downing Street carregando cartazes com slogans como “ele tem de ir embora”, 'Hora de te ires embora, pá” e “bagunça de Eton” referindo-se à sua formação escolar na Escola de Eton

Muitas dezenas de pessoas  também deram vazão à sua raiva ao primeiro-ministro, tentando invadir a Conferência da Primavera do Partido Conservador no Centro de Eventos do Grand Connaught, também em Londres.

Os protestos foram organizados em  campanhas nas redes sociais  “Renúncia de Cameron" e "Acabem com as fugas fiscais", e ganharam apoio de figuras de alto perfil, como o “whistle blower”  Edward Snowden e a cantora Lily Allen.











Protestos dos Refugiados na Grécia

Milhares de gregos associaram-se  aos  migrantes e requerentes de asilo nas ruas de Atenas para marchar em protesto contra o acordo UE-Turquia e contra as fronteiras fechadas.

Na multidão muitos agitavam bandeiras com slogans anti-racistas, como "refugiados são bem-vindos: Abram as fronteiras" e "Não às deportações". Os manifestantes marcharam em direção aos escritórios da Comissão Europeia em Atenas, e alguns fizeram um protesto sit-down. Há 53.000 migrantes e refugiados presos na Grécia.

Mais de 1500 refugiados sem apoio , em conjunto com apoiantes gregos, marcharam para o edifício da Comissão Europeia no centro de Atenas na quarta-feira, a  30 de março para protestar contra um acordo de migração entre a União Europeia e a Turquia, que deverá  ter pleno efeito segunda-feira, planeando  dar início à  deportação de migrantes e refugiados para a Turquia.




Este é um artigo do Roar Magazine, traduzido pelo RiseUp Portugal.