Um tribunal federal americano ordenou à Monsanto a entrega de um documento interno de 250 páginas. O que foi revelado é criminoso. A Monsanto já sabia há 17 anos que o Glyfosato, o principal ingrediente do Roundup podia de facto causar o cancro. E, no entanto, lançou uma vasta campanha de encobrimento…


O conjunto de documentos conhecidos por “Monsanto papers” mostra que o gigante do agro-business tem vindo a manipular as pesquisas, em conluio com funcionários governamentais da US Environment Protection Agency (EPA) e fornecendo artigos tendenciosos às agências, sempre com o objectivo de refutar que o Glyfosato é cancerígeno.

Eis os factos. Em 1999, a Monsanto encomendou um estudo a um especialista para provar que o Glyfosato não causava o cancro. Contudo, o cientista descobriu o oposto, pois o produto tinha propriedades cancerígenas.

Um conjunto de comunicações internas reveladas pelo tribunal, mostra que a Monsanto conspirou com o director adjunto da EPA para que parassem com as análises aos efeitos do Glyfosato por parte das agências governamentais. O mesmo funcionário da EPA também conseguiu excluir a empresa de um relatório elaborado pela International Agency for Research on Cancer, dando assim tempo ao departamento de relações públicas para construir uma campanha contra os resultados.

O gigante das sementes pagou os seus próprios estudos para defender o uso do Glyfosato e contratou cientistas para escreverem artigos para jornais académicos, usando esses estudos. Esses artigos foram depois usados pela EPA e pela European Food Safety Authority para determinar que o Roundup era seguro e podia ser usado nas colheitas.

Ficamos a saber de tudo isto devido a uma queixa-crime apresentada por pessoas que alegam ter contraído cancro por exposição ao Roundup. Mesmo agora que a Agência Internacional para a Pesquisa do Cancro já declarou que o Glyfosato é potencialmente cancerígeno, a Monsanto continua a negar a perigosidade do Roundup. A Monsanto tem de ser responsabilizada pelos danos que tem produzido no ambiente e nas pessoas… É da maior urgência impedir a sua fusão com a Bayer, quanto mais não seja, por violar a legislação antimonopolista.

Este é um artigo retirado do excelente site Plataforma Não ao TTIP
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Katherina Tu, SomeOfUs.org, 24/5/2017 aqui
Tradução e adaptação de Manuel Fernandes, Plataforma Não ao TTIP